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Big Fish e a destreza das relações 

  • Foto do escritor: Anandha Correia
    Anandha Correia
  • 9 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

 

Por um acaso providencial eu revi Peixe Grande, um filme dirigido pelo Tim Burton, de 2003. O acaso me trouxe esse filme em um momento delicado, mas necessário, já que há menos de dois meses eu perdi um dos meus big fishs.


Eu poderia dizer que esse filme fala sobre a vida e a morte da maneira mais lúdica, analógica e poética possível. Mas a ênfase do filme é sobre o que fazemos no percurso entre um e outro, e, principalmente, sobre as relações e as histórias que deixamos neste caminho.


A narrativa do personagem principal, Edward Bloom, é conduzida pelo filho, um cético frívolo que percebe tarde demais a grandiosidade do pai, um verdadeiro ser social, um homem criativo, cativante, que através de sua historias constrói uma existência muito mais bonita de se ouvir e de se contar, onde a realidade ganha uma camada de cor, com analogias brilhantes que tiram o fardo da vida e da morte ao mesmo tempo.


Rever esse filme com uma complexidade tão grande de personagens coadjuvantes tão importantes quanto o próprio protagonista, me fez pensar sobre a minha própria história.


Logo no começo do filme, o protagonista, morador de uma cidade de interior, se vê muito grande para um lugar pequeno. A história que ele conta para ilustrar a vontade de sair daquele lugar, é a de que na adolescência, ele desenvolveu um gigantismo que o fez permanecer 3 anos na cama lendo uma enciclopédia. No dia em que ele descobre que os peixes beta crescem conforme o tamanho do aquário, ele decide sair da cidade. 


Junto com seu amigo gigante (um excelente recurso para seu alter ego), ele inicia sua trajetória e escolhe o caminho mais difícil para chegar ao destino, a cidade grande. É aí que começa a tecer uma teia enorme de novas amizades e amores, que vai deixando pelo caminho. 


É importante frisar, sem querer dar spoilers, que em nenhum momento ele esquece de ninguém que passou pelo caminho. No desejo de ajudar um, ele acaba recorrendo a outros, criando uma rede de conexões que formam a história da vida dele. São essas pessoas, seus amigos, que são a verdadeira história de sua vida.



É bonito e intenso ver um filme que reforça e valoriza uma história que, sim, tem família e tem o verdadeiro amor, mas gira basicamente em torno da construção das relações de amizade o filme todo. É bonito principalmente pra quem constrói uma vida pautada nesse tipo de relação.


Em tempos onde temos cada vez menos tempo e uma vida com o tempo contando regressivamente, acho importante lembrar de quem fez parte da minha história, das pessoas que me ajudaram, das que eu tentei ajudar e das que eu ajudei. Das pessoas que eu ri junto, que eu chorei ao lado, das pessoas que me querem bem, mas não me julgam se eu estiver mal. Gosto de constantemente lembrar das pessoas que fizeram parte da minha caminhada, por menor que tenha sido sua participação, inclusive as que não fazem mais parte dela. 


Na vida, acredito que todos temos potencial para sermos grandes big fishs. Mas nem todos querem ser big fishs. Rever esse filme nesse momento, me fez ter certeza de que o presente e o futuro que eu construí e estou construindo estão indo de acordo com o que eu sonhei e acredito. 


Desejo que no final do meu filme, nas lembranças que se passarem pelos meus olhos, eu possa rever os mais importantes personagens que me ajudaram a me tornar a protagonista da minha vida. 


Big Fish nos mostra que é através da nossa autenticidade que criamos relações duradouras por onde passamos e só assim é possível criar uma rede diversa e duradoura através dos anos, até o final da vida.


Disponível na Amazon Prime.

 
 
 

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© 2024 por Anandha Correia.

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